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sábado, 21 de março de 2009

OS LEIGOS: VOCACIONADOS A SER PROFETAS NO MUNDO DE HOJE

Para ser cristão, é importante um olhar para as comunidades primitivas. “Eles mostravam-se assíduos aos ensinamentos dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às oração. (...), vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um” (At 2,42-45). O que se percebe, era o seu jeito de ser, de viver. Suas vidas eram sinais da presença de Deus para as pessoas incrédulas. Um dos seus carismas ou características importantes na sociedade daquela época era a profecia.“A palavra do Senhor crescia; o número dos discípulos aumentava” (At 6,7; 12,14; 13,49; 19,20).
Quando dizemos que somos vocacionados, a própria palavra diz, somos convocados e não apenas chamados ou convidados. A Palavra de Deus nos convoca para sermos como os primeiros cristãos, sinais do Reino de Deus no mundo. “Uma primeira forma de participação dos fiéis na função evangelizadora da Igreja é o papel que devem desempenhar mais ou menos ativamente, no dever que ela tem de ser para o mundo, um sinal do Reino de Deus”.
Hoje, mais que naquela época, precisamos ser sinais de Deus, primeiro porque naquela época a fé cristã era novidade, com isso, as pessoas assumiam de “corpo e alma” o projeto de Deus, e os desafios eram outros.
Em nossos tempos temos uma grande história de fé e grande conhecimento do projeto de Deus, projeto de vida em abundância para as pessoas, porém, falta assumir com coragem, com eficiência este projeto de Deus, e isto só acontece quando cultivamos um relacionamento mais profundo com Deus. Na intimidade com Deus é que seremos capazes de entender o caminho que segue a sociedade e o caminho que segue a Igreja, para exercermos o profetismo.

Jesus quer que continuemos a anunciar o que Ele mesmo iniciou (Cf. Lc 4,17-18). “O supremo e eterno Sacerdote Jesus Cristo quer continuar seu testemunho e seu serviço também através dos leigos. Vivifica-os, por isso, com o seu Espírito e incessantemente os impele para toda obra boa e perfeita”.
Para que possamos responder a essa vocação, herdamos de Jesus Cristo o seu Espírito, que dá força, sabedoria, coragem para que o anúncio do Evangelho seja eficiente e eficaz em todos os lugares onde estivermos. Para isso, o batismo nos concede a graça de participarmos do seu múnus sacerdotal, profético e real. São meios importantes para que possamos exercer a índole secular.

A Redemptoris Missio cap. II recorda que, Jesus Cristo proclama e torna presente o Reino de Deus, que foi o objetivo de sua Missão. E a característica deste Reino é destinar-se a todos: a libertação e salvação.
Unidos a Cristo, todos estão a serviço do Reino em vista da libertação e salvação das pessoas. Esta libertação exigirá dos cristãos viver bem sua vida secular, para isso, deve exercer a tríplice função que é sacerdotal, profética e real.

É o que nós veremos a seguir, porém, deve destacar a função profética dos leigos e leigas.
a) Os leigos no exercício da função sacerdotal são “Aqueles, pois que unem intimamente à sua vida e missão, também concede parte de seu múnus sacerdotal no exercício do culto espiritual para que Deus seja glorificado e os homens salvos”. Na consagração de suas vidas a Deus, ungidos pelo Espírito, são capazes de produzir frutos no seu cotidiano, na vida familiar, profissional, etc. tornando-se assim “hóstias espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1Pd 2,5), para a conversão do mundo.
b) Exercer o múnus profético do Cristo nas condições comuns do século é ser e fazer como o próprio Jesus Cristo fez, libertar, curar, anunciar a Boa Nova. “A missão fundamental do profeta é falar em nome de Deus” . A vocação leiga é de ser profeta na sociedade e na Igreja, e ser profeta é estar inseridos na realidade e ser voz diante e contra as injustiças que tanto exploram e excluem a pessoa humana na sociedade. Existem vários maneiras de ser profeta em nossa comunidade ou na sociedade por meio de nossas atividades.

Uma vez, os leigos sendo “fermento”, sinal de Deus para a santificação do mundo, toda a Igreja na verdade está sendo sinal, presença de Deus. Pois, todo o povo cristão leigos e leigas, bem como, os sacerdotes e religiosos estão no mundo para tal missão. “A pregação da Palavra não foi confiada somente à alguns, mas a todos” (Cf. 1Pd 2,9;4,15; Mt 10,27).
A mensagem profética dos leigos e leigas deve ser dirigida aos mesmos tipos de destinatários aos quais já os profetas do Antigo Testamento se dirigiam, de um lado ou, em primeiro lugar o próprio sistema religioso, de outro lado às estruturas da sociedade.

Yves M. J. CONGAR, Se sois minhas testemunhas, p.116.
Yves M. J. CONGAR, Se sois minhas testemunhas, p. 122.
Concílio Vaticano II, Lumem Gentium, n. 31, p.77.

João PAULO II, Carta Encíclica, Redemptoris Missio, p.37.
CNBB, Missões e Ministérios dos cristãos leigos e leigas, Doc 62, n. 72, p.54.